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    O termo “Margem Sul” refere-se à margem sul do Rio Tejo, em frente a Lisboa. Muitos dos que, como eu, vivem na margem norte, ainda desconhecem a maior parte desse território e os seus habitantes. Apesar das pontes que unem fisicamente os dois lados é como se o rio tivesse sido, ao longo de décadas, uma fronteira que nos separa da margem sul e das suas gentes.

    É um território de imigração sucessiva. Nos anos 1960 vieram pessoas das regiões mais pobres de Portugal para trabalhar na indústria, então em desenvolvimento. Em 1975 chegaram os naturais dos países africanos que se tornaram independentes de Portugal. Até recentemente chegavam principalmente brasileiros, outros africanos, asiáticos do sudeste e europeus de leste. Agora chegam também os nómadas digitais e aqueles que, com maiores recursos, procuram uma segunda habitação vindos de vários países da Europa e da América.

    Por outro lado, verifica-se um significativo aumento da população jovem no território, sejam os filhos da terra ou os novos habitantes oriundos da capital que, fruto do processo de gentrificação ocorrido, deixaram de ter condições para aí continuarem a viver. Também pela sua proximidade com Lisboa e às fabulosas praias, Parques Naturais e sítios históricos, bem como pelo interesse pelas tradições populares relacionadas com a pesca tradicional, os touros, e as diversas feiras, estas zonas tornaram-se locais cada vez mais turísticos.

    Este projeto foi executado ao longo de 2023 e a exposição inaugural esteve patente na Casa da Cultura de Setúbal e Galeria João Paulo Cotrim, entre janeiro e março de 2024.